domingo, 20 de abril de 2014

O QUE É A GERAÇÃO Z? DESAFIO PARA A IGREJA NOS TEMPOS PÓS-MODERNO

O mundo está mudando!

Essa é a frase que mais ouvimos das pessoas em nossos dias, dos mais diferentes níveis socioeconômico, cultural e profissional. Todos concordam que este mundo em que vivemos não é mais o mesmo dos nossos avós e pais, e não será o mesmo no futuro, para os nossos filhos. 

A rapidez com que as mudanças acontecem é impressionante. O que presenciamos hoje nos diversos segmentos da sociedade, sejam eles cultural, político, econômico, social, financeiro, informatização, etc, estão atuando juntos para desencadear uma série de outras mudanças, que afetarão as nossas vidas hoje, dos nossos filhos no futuro e da sociedade como um todo.

Um exemplo clássico deste processo de mudança é a velocidade com que as informações circulam, com o avanço da tecnologia e o advento da internet, provocando um alto índice no aperfeiçoamento das comunicações. 

Com a chegada dos celulares, palmtops, laptops, vídeo games, MP3, já se fala em MP12, entre outros. O volume de informações que uma criança recebe atualmente é impressionantemente. Dez vezes maiores que as crianças nascidas a 20 ou 30 anos atrás. Isto está provocando uma verdadeira revolução na pedagogia, sendo necessário a revisão de todos os processos e os metodologias educacionais, a fim de adequar a igreja, a escola e o ensino aos novos tempos e as novas gerações.

Foi feita uma entrevista com a antropóloga e pesquisadora Noemi Paymal, especialista na área de educação alternativa. Entre as perguntas que foram feitas a ela, destaco as seguintes: 

Há uma nova geração de alunos? Sim, principalmente formada pelas crianças que nasceram a partir do ano 2000, que somam atualmente em torno de 80% dos alunos.

Em que ele se deferência dos estudantes de 20 anos trás? As crianças de hoje tem características fáceis de serem observadas. As crianças de hoje se autodesenvolvem, possuem capacidades multilaterais (podem ver os diferentes aspectos de uma mesma coisa), e multidimensionais (podem acessar vários níveis de consciência simultaneamente) e podem ao mesmo tempo fazer a tarefa de casa, falar ao telefone, jogar videogame, assistir TV, e prestar atenção nas conversas que estão acontecendo ao lado.

Este auto-desenvolvimento de funções multidimensionais das crianças, citado pela antropóloga são comprovados pela simples observação no comportamento das novas gerações. Estamos assistindo, sim, uma evolução nas novas gerações, com capacidades intelectuais, motoras e auditivas cada vez maiores. Esta evolução tem gerado em muitos pais dificuldades de compreender e perceber em seus filhos suas mudanças, comportamentos e atitudes.

É possível comprovar esta evolução intelectual, olhando para as descobertas nos campos científicos. A cada ano, diversas novas vacinas são descobertas para doenças que no passado foram catastróficas, dizimando milhares de pessoas. 

Mapeamos o genoma humano, estamos clonando animais, vegetais; no campo da informática. A cada período de seis meses é lançado novos produtos no mercado muito superiores aos atuais. Uma verdadeira explosão e revolução no conhecimento estão em andamento. Avançamos nos últimos 10 ou 20 anos o que no passado levamos 100 anos para descobrir.

Atualmente o grande desafio de especialistas em educação, políticos, professores, instituições cristãs e pais, é descobrir como continuar cumprindo seu papel nesta nova geração que parece “nascer plugada” e desafia todos os modelos tradicionais de educação.

No âmbito da educação secular fala-se em “...repensar desde a maneira de se relacionar com os alunos até a geografia da sala de aula.” Isso porque o modelo de ensino atual obedece os “...padrões dos séculos 18, 19, segundo o professor e pesquisador Adriano Nogueira.”

Os sociólogos chamam, os nascidos depois de 1980, de geração “Y” e a geração “Z”, que seriam os nascidos depois de 1994. A geração “Z” é uma espécie de geração “Y” mais turbinada

Como a igreja deve lidar com esta nova geração? Quais os espaços que ela precisa ou deseja nas igrejas hoje? Qual a atitude que a igreja deveria adotar para abrir espaço para os jovens e adolescentes de hoje?

1. Resistências

Há certa resistência entre alguns estudiosos em usar termos muito fechados para definir povos, regiões ou gerações. Argumentam que definições simplificam os problemas e que toda simplificação tende a superficializar o debate. 

Outra corrente defende que, ainda que possam simplificar o debate, as definições têm o mérito de orientar as discussões. Fiquemos com a segunda opção. 

Até pouco tempo atrás, livros e filmes ainda falavam da Geração X, aquela que substituiu os yuppies dos anos 80. Essa turma preferia o bermudão e a camisa de flanela à gravata colorida e ao relógio Rolex, ícones de seus antecessores. Isso foi no início dos anos 90. 

Recentemente, o mercado publicitário saudou a maioridade da Geração Y, formada pelos jovens nascidos do meio para o fim da década de 70, que assistiram à revolução tecnológica. Ao contrário de seus antecessores slackers – algo como "largadões", em inglês – os adolescentes da metade dos anos 90 eram consumistas. Mas não de roupas, e sim de traquitanas eletrônicas. Alguns especialistas os chamam de Geração Z , que engloba jovens nascidos em meados das décadas de 1980 e 1990. Uma geração que nasceu sob o advento da internet e do boom tecnológico e para eles estas maravilhas da pós-modernidade não são nada estranháveis. Videogames super modernos, computadores cada vez mais velozes e avanços tecnológicos inimagináveis há 25 anos.

Vejamos o quadro abaixo: Geração X, geração Y, geração Z.



2. Como vive a Geração Z? 

A grande nuance dessa geração é “zapear”. Daí o Z. Seu mundo é tecnológico e virtual. Televisão ligada enquanto se estuda para uma prova e fones nos ouvidos ao redigir um trabalho escolar. Enquanto fala ao celular, está fazendo pesquisas no Google, se conectando com milhares de pessoas por seus perfis em redes sociais e vendo vídeos e blogs sobre diversos assuntos. São cenas bem comuns na atualidade entre eles. 

Para eles é impossível imaginar um mundo sem computadores, internet, telefones celulares, iPods, videogames com gráficos exuberantes, televisores e vídeos em alta definição , Iphone, tablets, aplicativos, Google, podcast, redes sociais: palavras que fazem parte do cotidiano adolescente da geração Z e cada vez mais novidades neste ramo. Sua vida é regada a muita informação, pois tudo que acontece é noticiado em tempo real e muitas vezes esse volume imenso acaba se tornando obsoleto em pouco tempo. 

Essa faixa geracional de 12 a 19 tem facilidade de fazer tudo ao mesmo tempo. É impressionante. Gerações passadas não conseguem acompanhar. 

3. Suas características 

A Geração Z, em sua maioria, nunca concebeu o planeta sem computador, chats, telefone celular. Por isso, são menos deslumbrados que os da Geração Y com chips e joysticks. 

Sua maneira de pensar foi influenciada desde o berço pelo mundo complexo e veloz que a tecnologia engendrou. Diferentemente de seus pais, sentem-se à vontade quando ligam, ao mesmo tempo, a televisão, o rádio, o telefone, música e internet. 

Outra característica essencial dessa geração, é o conceito de mundo que possui, desapegado das fronteiras geográficas. Para eles, a globalização não foi um valor adquirido no meio da vida a um custo elevado. Aprenderam a conviver com ela, já na infância. Como informação não lhes falta, estão um passo à frente dos mais velhos, concentrados em adaptar-se aos novos tempos. 

Se a vida no virtual é fácil e bem desenvolvida, muitas vezes a vida, no real, é prejudicada pelo não desenvolvimento de habilidades em relacionamentos interpessoais. Vive-se virtualmente aquilo que a realidade não permite. Talvez daí venha o fascínio dos jovens por jogos fantasiosos onde estes podem ser o que quiserem, sem censura ou reprimenda. 

Aliás, obsolescência é algo bastante comum nos membros desta geração. A rapidez com que os avanços tecnológicos se apresentam atualmente, acabaram por condicionar os jovens a deixar de dar valor às coisas rapidamente. Isso começa bem cedo, quando crianças esperam o ano todo para ganhar um brinquedo e, depois de dois dias, ele já está largado em um canto. 

Outra característica marcante da Geração Z, é o problema de interação social. Muitos deles sofrem com a falta de expressividade na comunicação verbal, o que acaba por causar diversos problemas, principalmente, com a Geração Y, anterior a sua. Essa Geração também é marcada pela ausência da capacidade de ser ouvinte. 

A Geração Y, por exemplo, acreditava piamente em carreira e estudos formais e muitos se dedicaram fortemente para isso. 

A Geração Z é um tanto quanto desconfiada, quando o assunto é carreira de sucesso e estudos formais, pois para eles, isso é um tanto quanto vago e distante. Segundo especialistas, poderá haver uma “escassez” de médicos e cientistas no mundo pós-2020. 

Enfim, essa geração – chamada também de Geração Silenciosa, talvez pelo fato de estarem sempre de fones de ouvido (seja em ônibus, universidades, em casa...), escutarem pouco e falarem menos ainda – pode ser definida como aquela que tende ao egocentrismo, preocupando-se somente consigo mesmo na maioria das vezes. 

4. Problemas? 

Ora, assim como todas as gerações anteriores, esta também passará por problemas, principalmente em relação a sua atuação profissional. Sua rapidez de pensamento e incapacidade para a linearidade pode facilitar muito em determinadas áreas, porém, em outras que exigem mais seriedade e concentração, podem sofrer algumas dificuldades. 

Contudo, o amadurecimento que vem com o passar dos anos, deve trazer também, um senso de responsabilidade a estes jovens (que certo dia deixarão de ser jovens) e passarão a se fixar mais em seus objetivos profissionais. Dentro da sociedade, a atuação política destes jovens também pode se tornar bastante preocupante. Afinal, a enorme quantidade de itens tecnológicos e informações desnecessárias, acabam por distrair suas mentes, tornando-os, na maioria das vezes, alheios à vida política de sua comunidade, sua cidade, seu país e o próprio mundo. 

4.1. Algumas dicas para estabelecer o diálogo com essa geração: 

1. jamais subestime os adolescentes; 

2. Evite imitar suas gírias para não parecer ridículo; 

3. Abuse de recursos audiovisuais; 

4. Abra janelas para a conversa; 

5. Lembre-se que eles aprendem tudo ao mesmo tempo; 

6. Seja um mediador; 

7. Use a internet a seu favor. 

5. Conclusão 

Enquanto os demais buscam adquirir informação, o desafio que se apresenta à Geração Z é de outra natureza. Ela precisa aprender a selecionar e separar o joio do trigo. E esse desafio não se resolve com um micro veloz. A arma chama-se maturidade existencial... 

Dentro dessa geração, existem adolescentes comprometidos com o Reino de Deus, com Jesus Cristo, que sabem a que vieram neste mundo. Eles estão conectados a Deus, a Palavra Viva e ao mundo, não renegam sua faixa etária e consegue fazer isso ao mesmo tempo, com maestria. 

Eles aproveitam este espaço virtual para edificar seu relacionamento real com Deus, com seu filho Jesus Cristo, visitando blogs de assuntos cristãos e, até mesmo, lendo e estudando a Bíblia online. É nessa “vibe” que desafiamos essa geração agora! 

Obs.: “Vibe” é a diminuição de vibration, em inglês. Significa vibração, em português. A palavra é utilizada em vários momentos, pelos adolescentes. 

O velho apóstolo João não falava em X, Y ou Z. Mas falava em Alfa e Ômega (primeira e última letras do Alfabeto grego) – Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14:6). Ele é Salvador também da Geração Z. Por isso registrou: “Filhinhos, eu vos escrevi, porque conheceis o Pai. Pais, eu vos escrevi, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno.” (1Jo 2:14). 

Como disse Martinho Lutero: “Afinal, para que vivemos nós senão para cuidar da juventude, ensinar e educá-la?”

Jane Esther Monteiro de Souza de Paula Rosa
Coordenadora de Educação Religiosa da OMEBE



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